O homem Jesus era instigante, um especialista em romper o conformismo.
Ele não ensinava passivamente: provocava a sede psíquica, a busca pelos
segredos da existência, o esfacelamento do autoritarismo religioso.
Cada parábola aguçava a curiosidade, colocava combustível na sede de
desvendar de homens e mulheres, intelectuais e iletrados, puritanos e
transgressores. Cada frase curta provocava o apetite intelectual. Seus
discípulos eram rudes, toscos, incultos, impulsivos, desprovidos de
generosidade e de afetividade. Mas diariamente Jesus os abalava.
Pedro, André, Tiago e João sabiam navegar no mar da Galileia, mas o
homem Jesus queria que aprendessem a navegar no oceano das crises
existenciais, das fobias, das ansiedades, das frustrações. E quem sabe
navegar nos tempos atuais? Uns afundam no sentimento de culpa;
outros, no endeusamento de si mesmos. Uns sucumbem na timidez;
outros, na ousadia inconsequente.
Diariamente os discípulos se perguntavam: Quem sou eu? O que sou?
Quais são minhas escolhas e minhas intenções ocultas? Quem é esse
homem que sigo? Que mistérios o cercam? Por que nos fala por
parábolas? Por que nos escandaliza estreitando laços com pessoas
socialmente rejeitadas, leprosos, prostitutas? Porque questiona os
religiosos? Por que procura sempre se ocultar e não aceita elogios
superficiais?
O melhor educador é o que gera fonte de perguntas em seus alunos, e
não o que é uma fonte de respostas prontas. As respostas prontas
produzem servos; o questionamento, pensadores.
Jesus deu poucas respostas, mas provocou inúmeras perguntas.
Obra: A Sabedoria Nossa de Cada Dia - Augusto Cury
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