quarta-feira, 6 de março de 2013

ANA LUCIA DE MATTOS SANTA ISABEL

“Conversávamos durante horas secretamente na busca da esoterike harmonia, o estado de serenidade que os exercícios da phobologia pretendem gerar. Assim como uma corda da kithera vibra com pureza, emitindo somente a nota da escala que é só sua, o guerreiro abre mão de tudo que é supérfluo em seu espírito, até ele próprio vibrar o timbre exclusivo que o seu daimon dita. A realização desse ideal, na Lacedemônia, é mais considerada que a coragem no campo de batalha; é a suprema personificação da virtude, andreia, de um cidadão e um homem.
Além da esoterike harmonia está a exoterike harmonia, estado de união com os companheiros que tem seu paralelo na harmonia musical dos instrumentos de corda ou do próprio coro de vozes. Na batalha, a exoterike harmonia guia a falange em seus movimentos e ataques como se fosse um único organismo, de uma única mente e vontade. No amor, une marido e mulher, amante a amante em uma união perfeita e tácita. Na política, a exoterike harmonia cria uma cidade de concórdia e unidade, onde cada indivíduo garante sua expressão de caráter mais nobre, doando-a uns aos outros, todos tão obedientes às leis quanto as cordas da kithera à imutável matemática da música. Na devoção, a exoterike harmonia produz a sinfonia do silêncio que tanto deleita os ouvidos dos deuses.”

 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário