sexta-feira, 15 de novembro de 2019

RESILIÊNCIA


Por: Tom Coelho - Economista pela USP, Publicitário pela ESPM/SP, Esp. em MArketing pela MMS/SP
e Qualidade de Vida no Trabalho pela FIA/USP. Empresário, consultor, escritor e palestrante.
Diretor da Infinity Consulting, Diretor da Simb/Abrinq e Membro Executivo do NJE/Fiesp.

    Hoje a tristeza me visitou... tocou a campainha, subiu as escadas, bateu à porta e entrou. Não ofereci resistência.
Houve um tempo em que eu resistia, era uma experiência super desgastante! Aprendi que o melhor a fazer é deixá-la seguir o seu curso e agora, sequer dialogamos. Ela entra, senta-se, sirvo-lhe uma bebida qualquer, apresento-lhe a televisão e a esqueço! Quando me dou conta ela partiu, sem arroubos e sem deixar rastros. Cumpriu a sua missão sem afetar a minha vida.
    Hoje a doença também me visitou... mas esta tem outros métodos, outros propósitos. Chegou sem pedir licença, invadiu meu ambiente, instalou-se em minha garganta e foi se acomodar em minhas amígdalas. A prescrição é sempre a mesma, o uso dos mesmos medicamentos que me deixam absolutamente prostrado. Talvez seja por isso que os chamam de antibióticos, porque são contra a vida. Não apenas contra a vida de bactérias e vírus, mas toda e qualquer vida...
   
    Hoje problemas do passado também me visitaram... Não vieram pelo telefone porque palavras pronunciadas ativam as emoções momentaneamente, depois se perdem, levadas pela brisa. Vieram pelo correio, impressos em papel e letras de baixa qualidade, anunciando sua perenidade, sua condição de fantasmas eternos até que sejam completamente exorcizados.

    Diante deste quadro não há como deixar de me sentir apequenado nestes momentos. O mundo ao redor parece conspirar contra o bem, a estabilidade e o equilíbrio que tanto almejamos. O desânimo comparece estampado em ombros arqueados e olhos sem brilho, que pedem para derramar lágrimas de alívio. Então eu choro... aprendi com Maurice Druon, por meio de seu inocente Tistu, que se você não chora as lágrimas endurecem no peito e o coração fica duro.

    As Ciências Humanas tomam alguns termos e conceitos emprestados das Exatas. A última novidade vem da Física e atende pelo nome de resiliência. Significa resistência ao choque ou a propriedade pela qual a energia potencial armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão incidente sobre o mesmo.
    
    A resiliência passou a designar a capacidade de resistir flexivelmente à adversidade, utilizando-a para o desenvolvimento pessoal, profissional e social. No dito popular seria fazer de cada limão, ou seja, cada adversidade que a vida nos apresenta, uma limonada saborosa, refrescante e agradável.

    Não adianta brigar com problemas, é preciso enfrentá-los para não ser destruído por eles, tomando decisões rapidamente. Problemas são como bebês, só crescem se forem alimentados. Muitos deles resolvem-se por si mesmos, mas quando você não os soluciona de forma adequada eles voltam, dão-lhe uma rasteira e, aí sim, você os anula corretamente.

    A felicidade, segundo Michael Jahsen, não é a ausência de problemas. Ausência de problemas é o tédio!
A felicidade é o resultado de grandes problemas bem administrados.

    Aprendi a combater as doenças do corpo e da mente, a percebê-las, identificá-las, respeitá-las e solucioná-las! Muitas não decorrem não do que nos falta, mas do mal uso que fazemos do que temos. A velocidade neste combate, o agir rápido de acordo com cada situação é a palavra de ordem. Melhor do que ser preventivo é ser preditivo!

    Aprendi a aceitar a tristeza, não o ano todo, mas apenas um dia, à luz dos ensinamentos do poeta Victor Hugo, que dizia:
- "Tristeza não tem fim, felicidade sim"! Ou como a música do Frejat: - "Quando você ficar triste, que seja por um dia, e não o ano inteiro! E que descubra que rir é bom, mas rir de tudo é desespero. Desejo que você tenha a quem amar e quando estiver bem cansado, ainda exista amor pra recomeçar!"

    Aprendi a contemplar as pequenas alegrias, em vez de aguardar a grande felicidade. Uma alegria destrói muitas e muitas tristezas. Modismo ou não, tornei-me resiliente! A palavra em si pode cair no ostracismo, mas terá servido para ilustrar a minha atitude cultivada ao longo dos anos, diante das dificuldades, impostas ou autoimpostas, que enfrentei pelo caminho. Transformei desânimo em persistência, descrédito em esperança, obstáculos em oportunidades, tristeza em alegrias, coração endurecido em coração grato!
    Aprecio o calor porque já senti o frio, aprecio a luz porque já estive no escuro! Aprecio a saúde porque já fui enfermo, posso experimentar a felicidade porque já conheci a tristeza!   
 


Experimente, olhe para o céu agora...      Se é dia o sol brilha e aquece! Se é noite a lua ilumina e abraçaAssim será novamente amanhã, assim é a vida...  Um dia após o outro e uma noite de intervalo!

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