quinta-feira, 14 de março de 2019

LEALDADE

"Jesus, porém, lhe disse: Amigo, para que vieste? Nisto, aproximando-se eles, 
 deitaram as mãos em Jesus, e o prenderam."  - Mateus, cap. 26 - v. 50
 
É claro que Jesus sabia qual era a intenção de Judas, que guiava até Ele grande
turba armada com espadas e cacetes, a fim de prendê-lo.
A pergunta que Ele endereça a quem o traía, soa aos nossos ouvidos como um
lamento pela sua atitude infeliz: "Amigo, para que vieste?".
É que o Mestre conhecia as consequências que semelhante ação haveria de
acarretar, através dos séculos, para o companheiro que se deixara envolver
pela trama das trevas.
O questionamento em torno da motivação de Judas, ao procurar por Ele no
Getsêmani, é equivalente à fraterna e discreta repreensão do Divino Mestre,
que pode ser colocada em outras palavras: - Por que não ficaste onde estavas?
Por que vieste a mim com tal finalidade? Por que não pensaste mais no que
estás fazendo? Por que, em relação a ti, assim me frustras as esperanças?...
Com qual propósito nos movimentamos na direção de Jesus? - eis que nos é,
igualmente, oportuno interrogar a consciência neste instante.
O que pretendemos com a nossa espontânea adesão ao Evangelho?
Não ignoremos que o nosso encontro com o Senhor, seja em qualquer 
circunstância, nos cumula de tremenda responsabilidade.
Não estaremos, acaso, embora inconscientes, movidos pela mesma intenção
que moveu Judas? Quantos de nós, por ele considerados amigos, após receber
o divino ósculo na face, não lhe traímos a confiança?...
Se não for para perfilarmos com lealdade ao lado do Cristo, melhor que, em nossa
indigência espiritual, fiquemos onde estamos, até que, movidos por real sentimento
de amizade, possamos, por quem, sem reservas, nos oferece a vida e o coração, nos incluir no rol de seus verdadeiros amigos.


Obra: Saúde Mental À Luz do Evangelho - Carlos A. Baccelli/Inácio Ferreira

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